
A hipertensão arterial é uma doença crónica que afecta quase metade da população portuguesa. De acordo com um estudo efectuado em 2003 a prevalência de HTA em Portugal é de 42,1%. Um estudo mais recente apresentado no 7º congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global verificou que embora a prevalência tenha-se mantido elevada (42,2%), verificaram-se melhorias no tratamento e controlo da doença entre 2003 e 2012 e que o consumo de sal baixou 1,3g. A percentagem de doentes em tratamento aumentou de 38,9% para 74,9% e a percentagem de doentes com a doença controlada passou de 11,2% para 42,6%.
Ao analisar os dados em termos de faixas etárias, os autores deste estudo verificaram que, ao contrário do que seria expectável, a população activa (<35 anos), é a que menos sabe sobre a HTA, a menos tratada e a que tem a patologia menos controlada. Por outro lado, indivíduos com mais de 64 anos são os que têm mais conhecimento acerca da patologia, a percentagem de Hipertensos em tratamento é maior e consequentemente têm a doença mais controlada.
A adopção de um estilo de vida saudável pode prevenir o aparecimento da doença e a sua detecção e acompanhamento precoces podem reduzir o risco de incidência de doença cardiovascular.
O que é hipertensão arterial?
A pressão arterial é determinada pela quantidade de sangue que o coração bombeia e pela resistência que as artérias oferecem ao fluxo sanguíneo. Assim, quanto mais sangue o coração bombear, e quanto mais estreitas forem as artérias, mais alta será a Pressão Arterial.
A hipertensão foi definida como a pressão sanguínea de valor igual ou superior a 140/90 mmHg para um adulto jovem.
Classificação (Joint National Committee
on Prevention – JNC)
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Pressão sistólica
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Pressão diastólica
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mmHg
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kPa
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Normal
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90–119
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12–15,9
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60–79
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8,0–10,5
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Pré-hipertensão
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120–139
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16,0–18,5
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80–89
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10,7–11,9
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Hipertensão de grau I
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140–159
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18,7–21,2
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90–99
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12,0–13,2
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Hipertensão de grau II
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≥160
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≥21,3
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≥100
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≥13,3
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Hipertensão sistólica isolada
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≥140
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≥18,7
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<90
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<12,0
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Quais as causas da hipertensão arterial?
Em 90% dos casos não há uma causa conhecida para a hipertensão arterial.
A hereditariedade e a idade são dois factores a ter também em atenção. Em geral, quanto mais idosa for a pessoa, maior a probabilidade de desenvolver hipertensão arterial. Cerca de dois terços das pessoas com idade superior a 65 anos são hipertensas.
Quais são os factores de risco?
- Obesidade;
- Consumo exagerado de sal e de álcool;
- Sedentarismo;
- Má alimentação;
- Tabagismo;
- Stress.
Quais as complicações que podem surgir?
A hipertensão arterial aumenta o risco de:
- AVC;
- Doença arterial periférica;
- Insuficiência cardíaca;
- Embolia pulmonar;
- Enfarte agudo do miocárdio;
- Aneurisma arterial;
- Insuficiência renal crónica e insuficiência cardíaca;
Segundo a American Heart Association é a doença crónica que ocasiona o maior número de consultas nos sistemas de saúde, com um importante impacto económico e social.
Como prevenir a hipertensão arterial?
A adopção de um estilo de vida saudável é a melhor forma de prevenir o aparecimento de hipertensão arterial.
– Reduzir a ingestão de sal na alimentação (substituir por ervas aromáticas e especiarias);
– Aumente o consumo de frutas, vegetais, grãos integrais, leite e derivados magros;
– Diminuir o consumo de gorduras saturadas (presente em produtos de origem animal como carnes vermelhas, pele das aves, leite e derivados gordos, manteiga);
– Manter um peso saudável;
– Praticar regularmente exercício físico;
– Consumo moderado de álcool (1 bebida por dia no caso das mulheres ou para pessoas com mais de 65 anos e até 2 no caso dos homens);
– Se fumar, deixe de o fazer. O tabaco lesa as paredes dos vasos sanguíneos.
Quais os sintomas que estão associados à doença?
A hipertensão arterial não provoca sintomas na grande maioria das pessoas, só provoca sintomas em fases muito avançadas ou quando a pressão arterial aumenta de forma abrupta e exagerada. Algumas pessoas, porém, podem apresentar sintomas, como dores de cabeça, no peito e tonturas, entre outros, que representam um sinal de alerta.
Como se faz o diagnóstico da doença?
O diagnóstico é feito através da medição da pressão arterial. Contudo, um valor elevado isolado não é sinónimo de patologia. Só é considerado hipertenso um indivíduo que tenha valores elevados em, pelo menos, três medições.
Compete ao médico fazer o diagnóstico da patologia, uma vez que a pressão arterial num adulto pode variar devido a factores como o esforço físico ou o stress, sem que tal signifique que o indivíduo sofre de hipertensão arterial.
Quais as formas de tratamento?
Não há uma cura para a hipertensão arterial. Contudo, apesar de ser uma doença crónica, na maioria dos casos é controlável.
A maior parte das pessoas com esta patologia toma medicação para a controlar, mas em muitos casos é possível controlar a HTA só com alterações do estilo de vida. Por isso tenha um estilo de vida saudável!
Fontes:
Macedo M., Lima M., Silva A., et al. Prevalência, Conhecimento, Tratamento e Controlo da Hipertensão em Portugal. Rev Port Cardiol. 2007; 26 (1): 21-39
Murray C.J., Lopez A.D. Global mortality, disability, and the contribution of risk factors: Global Burden of Disease Study. Lancet. 1997; 349: 1436–1442.
World Health Organization. World Health Report 2002. Reducing Risks Promoting Healthy Life. Geneva, Switzerland, World Health Organization, 2002.
Sociedade Portuguesa de Hipertensão. PHYSA – Portuguese Hypertension and Salt Study. In 7.º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global; 2013; Vilamoura